segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Táxi Solar


Olá mais um ano e eis-nos de volta. Como todos já devem ter percebido, uma das minhas preocupações tem a ver com o nosso ambiente cada vez mais poluído, por isso todas as iniciativas no sentido de despoluir o planeta têm em mim uma adepta. Desta vez tive conhecimento da história do aventureiro suíço Louis Palmer que está a fazer uma volta ao mundo com o seu "táxi" solar.



O "Solartaxi" é o primeiro veículo movido à energia solar a dar a volta ao mundo. A viagem começou em Julho de 2007. O ponto inicial de partida foi Lucerna, na Suíça central.


Em 14 meses, Louis Palmer, 36 anos e professor de profissão, já conseguiu percorrer 43 mil quilómetros e visitar 28 países.


"E tudo isso sem gastar um tostão em gasolina", ressalta Palmer, que em Nova Iorque apresentou à comunicação social seu veículo no Museu Nacional de Design Cooper-Hewitt, acompanhado pelo cônsul-geral da Suíça na cidade, Christoph Bubb.
"O Solartaxi anda como um relógio suíço", disse. Com as baterias cheias, o veículo de dois lugares faz 300 quilômetros, podendo também alcançar uma velocidade máxima de até 90 quilometros.


Acção ao invés de promessas


Com a sua peripécia, Palmer realiza um sonho de criança. Já em 1986, aos 14 anos de idade, ele sonhava em dar a volta ao mundo com um carro que não fosse nocivo ao meio-ambiente. Então ele fez os primeiros planos no papel.
Como até hoje ainda o veículo não existe no mercado, o jovem suíço decidiu pegar os instrumentos para construir ele mesmo um. Depois foi atrás de apoio técnico e patrocinadores.


Mundialmente discute-se sobre o problema da mudança do clima e, sobretudo, sobre alternativas ao petróleo. Porém pouco ainda foi concretizado. O planeta aguarda respostas aos seus problemas mais prementes. "Com essa viagem quero mostrar que existem tecnologias e meios sustentáveis de resolver a crise energética. E que elas também são praticáveis", declarou.


Se o aventureiro consegue percorrer o globo com seu "Solartaxi", não existe justificativa para que a tecnologia não vire padrão técnico. Palmer espera que os investidores e a indústria sejam convencidos da viabilidade da energia solar no transporte.


Será que o suíço considera um "salvador" da pátria? "Não, eu quero apenas provar que existem saídas para o problema energético. O Solartaxi serve como uma espécie de aula prática para que todos vejam que existem alternativas. A alegria de viver é importante para mim. Eu não quero dar lições de moral às pessoas".


Não apenas ecológico, mas barato também


Um automóvel movido à energia solar não é apenas ecológico, mas também barato, como explicou Palmer durante uma apresentação organizada nas margens do rio Hudson, onde foi muito aplaudido pelo público. "Se eu puxo um dólar de energia da tomada, posso percorrer 100 milhas".
"É uma vergonha que alguém originário de um país que não tem indústria automobilística mostre aos americanos que o automóvel solar não é uma ideia de loucos", comentou um arquitecto à jornalista da swissinfo.
Outro visitante afirmou: "Eu não tinha ideia que na Suíça existam tantas pessoas aventureiras e inovadoras como ele".


Passageiros famosos ou não


Para levar sua mensagem às pessoas, Palmer construiu o seu veículo como um táxi. Aonde ele chega, as portas são abertas para transportar alguém num curto trajecto. Eles são pessoas normais ou até mesmo estrelas ou personalidades mundiais.
Durante a conferência do clima organizada em Bali pela ONU, o Solartaxi chamou muita atenção. Nos Estados Unidos, um tal projecto só se pode tornar sensação pública.
"Fomos recebidos por todos os lugares de forma calorosa e receptiva. O carro chama atenção. O interesse é enorme. A sua visita à Capital em Washington chegou mesmo a ocupar as manchetes dos maiores jornais dos EUA.
Dentre as personalidades americanas já carregadas por Palmer no seu "táxi" estão Michael Bloomberg, prefeito de Nova Iorque, o director de cinema James Cameron ("Titanic") e o apresentador de TV Jay Leno.


Produção em série possível


O "Solartaxi" foi construído pela Escola Superior Técnica (HTA, na sigla em alemão) de Lucerna e pela Escola Politécnica de Zurique (ETH) junto com parceiros da iniciativa privada na Suíça. As células voltaicas vieram da Alemanha.
Apesar do veículo ser uma peça única, Palmer está convencido da possibilidade de produzi-lo em série. "O carro, incluindo também as células solares, poderiam ser lançadas no mercado por aproximadamente 15 mil francos suiços", afirmou.
80 dias a dar a volta ao mundo
A viagem já fez Palmer percorrer a Europa, o Médio Oriente, Ásia, Austrália, Nova Zelândia, Canadá e agora através dos Estados Unidos. De Nova Iorque, África e de novo Suíça.


E depois? Medo de um vazio após um ano e meio andando pelos quatro cantos do mundo? "Não, não realmente. Eu já tenho novos planos".
Palmer quer organizar uma nova corrida internacional, da qual ele mesmo participaria. O lema do projecto é inspirado no escritor francês Jules Verne: "Dar a volta ao mundo em 80 dias com fontes energéticas renováveis".


swissinfo, Rita Emch

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